O acidente rodoviário em uma autoestrada em Gainesville, no norte da Flórida (EUA) que deixou dez mortos no último domingo (29/1), teve cinco goianos entre as vítimas. Integrantes de uma mesma família, José Francisco do Carmo Júnior, de 43 anos, a esposa Adriana Ferreira Souza do Carmo, 39, e as filhas Letícia Souza do Carmo, 17 e Lidiane Souza do Carmo, 15 estavam em um mesmo veículo. Destes, apenas Lidiane sobreviveu e está internada. Junto com eles estavam o irmão de José, Edson José do Carmo, 38, e a mulher, Rosélia Fagundes, 40, que também não sobreviveram.
A família havia participado de uma conferência evangélica em Orlando que aconteceu entre a noite da última quinta-feira (26/1) e a noite de sábado (28/1). No domingo, eles retornavam para a sede do Ministério Internacional da Restauração em Atlanta, na Geórgia, onde José Júnior era pastor. Segundo informações da BBC, além das 10 mortes, pelo menos 18 pessoas ficaram feridas.
Pelo menos doze automóveis e seis caminhões se envolveram no engavetamento na rodovia I-75. De acordo com a polícia local, um incêndio florestal pode ter prejudicado a visibilidade na pista e provocado o acidente. Alguns veículos pegaram fogo e repórteres que tiveram acesso à cena afirmam que viram corpos carbonizados dentro de um carro esportivo.
Família destruída
A irmã de José e Edson, Wandair do Carmo Farias, 45, mora em Goiânia e conta que a família está desestabilizada. Os familiares moravam no exterior há 15 anos e, como a maioria dos brasileiros, foram em busca de novas oportunidades. José era pastor e Edson trabalhava como caminhoneiro. Segundo a irmã, ambos tinham uma vida estável.
“Há anos eles se mudaram para a Flórida e, desde então, José nunca retornou a Goiânia, mas pretendia vir em 2014. O Edson tinha planos de voltar ainda este ano. Meus pais tiveram seis filhos, quatro mulheres e dois homens, que morreram no acidente. Eles não os viam há muito tempo e estão em estado de choque, ainda não sabemos direito o que fazer”, lamenta Wandair.
Wandair lembra que há oito anos chegou a morar próximo aos irmãos por dois anos, mas retornou à capital goianiense. Na Flórida, o irmão de Adriana, identificado como Fábio, cuida da situação dos corpos e de todos os trâmites legais. Quanto à sobrinha Lidiane, que sobreviveu, o futuro ainda é incerto. “Não sabemos se ela ficará por lá ou se virá para o Brasil, é tanta coisa para pensar”, diz Wandair.
Investigações
Nesta segunda-feira (30/1), autoridades da Flórida tentavam descobrir as causas do acidente. A autoestrada 75 foi reaberta no final da noite de domingo (29/1), mas foi novamente fechada na manhã desta segunda por causa de uma neblina intensa. Imagens feitas no local mostravam carros e pelo menos um caminhão, todos queimados. As seis pistas da autoestrada (três em cada sentido) foram fechadas ao tráfego.
"Dava para escutar os carros batendo uns nos outros, pessoas gritando. Foi uma coisa maluca e horrível", disse Steven R. Camps, morador de Gainesville que dirigia um carro que se envolveu no engavetamento. Quando os primeiros socorristas chegaram, apenas escutaram os gritos das vítimas por causa da neblina intensa.
Auxílio
O governo do Estado trabalha em três frentes para auxiliar a família das vítimas goianas. Secretário Extraordinário de Assuntos Internacionais, Elie Chidiac explica que a primeira providência será otimizar a liberação dos corpos. Para isso, o governo já entrou em contato com o consulado brasileiro na Flórida. "Precisamos otimizar a realização da autópsia determinando a causa mortis para que os corpos sejam liberados. Como se trata de um acidente automobilístico, isso pode levar até duas semanas."
Em segundo lugar, o governo oferecerá ajuda de custo de R$ 6 mil por corpo para o traslado até Goiânia. O recurso será liberado por meio do Fundo de Amparo aos Goianos Vitimados no Exterior, existente desde 2000. De acordo com o Chidiac, o Fundo cobre as despesas de cremação do corpo e transporte das cinzas ao Brasil. Em 2011, o fundo colaborou com o traslado do corpo de quatro goianos que moravam no exterior.
Caso queira enterrar as vítimas no Brasil, a família arca com os restante dos gastos do traslado, que custa, em média, R$ 17 mil por corpo. "Também esperamos ajuda da igreja [Ministério Internacional da Restauração em Atlanta] da qual os brasileiros faziam parte, no sentido de levantar fundos para colaborar com o traslado", completa o secretário de Assuntos Internacionais.
Por último, Chidiac disse que, por se tratar de um acidente automobilístico, o governo acionará o seguro automobilístico das vítimas. Caso ganhe, o Estado e a família não teriam nenhum custo para liberação e traslado dos corpos.
Se a perícia identificar que houve negligência (má sinalização ou conservação da rodovia) como causa do acidente, o governo acionará o governo da Flórida para arcar com os custos. "A morte dos goianos aconteceu por causa de outro acidente na rodovia. Não havia sinalização e muita neblina na pista. E, se for provada negligência, vamos solicitar que o governo da Flórida arque com os gastos", afirma Chidiac.
Fonte: A Redação/Com informações da Agência Estado